“Desde os dias de João Batista até agora, o Reino dos Céus sofre violência, e são os violentos que o conquistam” (Mt 11,12)
Em Florianópolis (18/10/91), na canonização de Santa Paulina, o Papa João Paulo II nos deixou uma mensagem muito especial e que até hoje deve falar alto em nossos corações: “O Brasil precisa de santos; o Brasil precisa de muitos santos!” Algo profético!
“O Brasil precisa de santos!” Esse grito do Papa não foi à toa. O Brasil é um dos países mais católicos do mundo, mas que infelizmente ofende muito a Deus. A família está sendo destruída por uma onda de imoralidade: divórcio, casamento de pessoas do mesmo sexo, pornografia, nudismo, prostituição, adultérios, uma destruidora ideologia de gênero, neopaganismo, sexismo acintoso, novelas imorais, uma desorientação sexual e perversa imposta às crianças nas escolas, etc…
Além disso, o nosso país está numa das piores situações financeiras da América do Sul, enorme desemprego desestabilizando as pessoas e as famílias, PIB negativo, corrupção deslavada e institucionalizada, falta de estradas, leitos em hospitais, casas, escolas, portos, aeroportos…
Somos, graças a Deus um país católico, mas, infelizmente Deus ainda está ausente em muitos corações, lares, escolas, governos e instituições. Há muita imoralidade em nosso país. E só é feliz “a Nação cujo Deus é o Senhor!”
Ora, os sinais dos tempos no Brasil estão a nos lembrar que de nada servem os planos econômicos se não há, em todos os nossos concidadãos, autêntica conversão, do egoísmo, da cobiça de interesses particulares, para o amor ao próximo e a capacidade de renunciar a si, a fim de ajudar e salvar os irmãos. Isto tudo só há num coração que ama a Deus.
O salmista canta: “Se não é Deus que edifica a casa, em vão trabalham os seus construtores; se não é Deus que guarda a cidade, em vão vigiam as sentinelas” (Sl 126,1). A Igreja nos ensina que “os santos intercedem por nós sem cessar”. Por isso o Brasil precisa de santos, muitos santos. E graças a Deus eles estão surgindo.
Se alguém te perguntasse agora, qual é o seu santo de devoção. O que responderia? Provavelmente, diria Santa Teresinha, Santo Padre Pio, São João Paulo II, Santo Antônio, São Benedito, Santa Rita…enfim, são tantos os santos de nossa devoção! Mas, acho bem difícil encontrar alguém que dissesse: sou devoto de São José de Anchieta, de São Frei Galvão, ou de algum outro santo ou beato brasileiro.
Não há mal algum em ser devoto de santos de qualquer outra nacionalidade. Todos têm seus méritos igualmente diante de Deus. No entanto, porque não pedir a intercessão dos santos que viveram em nosso país, que conheceram as raízes dos problemas de nossa nação, e que daqui desfrutaram seu tempo nesta Terra? Eles rogam por nós sem cessar, e nossa devoção a eles, torna mais eficaz sua intercessão por nós.
Sabemos que muitos de nós ainda não somos devotos, pois ainda não os conhecemos… É preciso conhecer aqueles que viveram em nosso país e que hoje estão junto de Deus intercedendo por nós.
Você sabia que, atualmente, o Brasil possui 36 santos canonizados oficialmente pela Igreja?
São eles: São Roque Gonzales, Santo Afonso Rodrigues e São João de Castilho (mártires do Rio Grande do Sul); Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus (Madre Paulina, nascida na Itália); Santo Antônio de Sant’Ana Galvão (Frei Galvão, nascido no Brasil); São José de Anchieta, SJ (nascido em Portugal); Santos André de Soreval, Ambrósio Francisco Ferro e 28 companheiros (Mártires de Cunhaú e Uruaçu). Todos se tornaram brasileiros em sua nacionalidade.
Além disso, hoje já contamos com 52 beatos: Beato Inácio de Azevedo e 39 companheiros mártires (Quarenta Mártires do Brasil); Beato Eustáquio van Lieshout; Beato Mariano de la Mata Aparício; Beata Albertina Berkenbrock (mártir); Beato Manuel Gonzalez e Beato Adílio Daronch (mártires); Beata Lindalva Justo de Oliveira, FDC (mártir); Beata Bárbara Maix (Madre Maria Bárbara da Santíssima Trindade); Beata Dulce dos Pobres; Beata Assunta Marchetti; Beata Francisca de Paula de Jesus (Nhá Chica) e o Beato Francisco de Paula Victor (Padre Victor), recentemente nomeado pelo Vaticano.
Dez já receberam o título de Veneráveis, ou seja, já tiveram suas virtudes reconhecidas pela Igreja. E ainda, uma lista enorme, com os servos de Deus que já tiveram suas causas de canonização oficialmente abertas.
Em uma de Suas revelações à Santa Catarina de Sena, Deus disse: “Quero que sejais santos. Tudo o que vos acontece tem essa finalidade”. Esse é o grande desejo de Deus: que sejamos santos. São João Paulo II, ao pedir santidade ao Brasil, não pensava, só nos santos formalmente canonizados, mas também numa Igreja chamada à semelhança com Deus que é santo, numa “santidade fundamental da Igreja, também na vida dos leigos”, capaz de gerar frutos de justiça e paz.
Como podemos notar, muitos de nossos irmãos brasileiros, já alcançaram ou irão alcançar oficialmente a santidade. Uma prova de que se eles conseguiram, nós também o podemos. Por isso, também se faz importante que nós, católicos, nos interessemos mais pela vida, pela história, de cada um desses gigantes que passaram por este mundo e hoje estão bem pertinho de Deus, no Reino das Bem-aventuranças. Eles são para nós exemplos de vida e intercessores.
“O Brasil precisa de santos; o Brasil precisa de muitos santos!”… essas de São João Paulo II ainda ecoam forte, a ensinar que a santidade não é algo distante, estranho a nossa realidade. O saudoso Papa polonês se empenhou nesse sentido, proclamando santos e beatos mais que todos os papas juntos que o antecederam desde 1538. “Se a Igreja de Cristo não é santa, não é a Igreja de Cristo”, dizia ele.
Que tal conhecermos melhor os santos brasileiros? Quem foram, onde e como viveram, o que fizeram? É um bom ponto de partida!
O Brasil já tem alguns Santos, mas precisa de mais. Precisa de um povo santo. Espelhemo-nos na vida daqueles que já alcançaram a eterna vitória! Que esse grito continue a ressoar em nossos ouvidos e corações: “O Brasil precisa de santos!” Eles conhecem nossas misérias e nos ajudam.
Prof. Felipe Aquino