Os Santos – São Vicente de Paulo, São Francisco de Assis, São João Bosco, São Camilo de Lelis, Madre Teresa, e muitos outros viveram para fazer caridade. Na verdade, não há um santo sequer que não tenha se esmerado na caridade.

QUANDO ROMA DESABOU NO ANO 476 – A misericórdia da Igreja mudou o mundo – “a amar o próximo como a si mesmo”.

VOLTAIRE, que era inimigo da Igreja, disse: “talvez não haja nada maior na terra do que o sacrifício da juventude e da beleza, realizado pelo sexo feminino para trabalhar nos hospitais para aliviar a miséria humana”. Se referia às irmãs católicas da França. “As Santas Casas de Misericórdia” foram fundadas pela Igreja em todo o mundo.

A caridade ensinada por Cristo foi “algo novo” no mundo antigo…

SANTO AGOSTINHO fundou um hospital para peregrinos, resgatou escravos, e socorreu os pobres. Ele pedia ao povo não lhe dar roupas, mas vendê-las e dar o dinheiro aos pobres.

SÃO JOÃO CRISÓSTOMO, o grande Patriarca de Constantinopla no século IV, fundou ali uma série de hospitais.

SÃO CIPRIANO DE CARTAGO E SANTO EFRÉM organizaram grandes trabalhos nos tempos de pragas e fome. Não há um santo sequer da Igreja que não tenha vivido exemplarmente a caridade.

Muitos e muitos santos e católicos perderam as suas vidas socorrendo os doentes. Durante a peste que atingiu Cartago e Alexandria no século III, os cristãos ganharam respeito e admiração pela coragem e bravura com que consolavam os moribundos e enterravam os mortos, enquanto os pagãos abandonavam até mesmo os amigos à sua terrível sorte.

S. Cipriano, Bispo De Cartago, norte da África, repreendeu a população pagã por não socorrer as vítimas da praga preferindo saqueá-las. E convocou os cristãos para a ação chamando-os a socorrer os doentes e enterrar os mortos. O grande Bispo convocava seus seguidores a socorrer até mesmo os que os perseguiam por serem cristãos, e lhes lembrava as palavras de Cristo:

“Se nós fazemos o bem somente aos que nos fazem o bem, o que nós fazemos mais do que os publicanos e pecadores? Se nós somos filhos de Deus, que faz o sol brilhar sobre os bons e os maus, e manda a chuva sobre os justos e os injustos, vamos provar isto pelos nossos atos, abençoando os que nos amaldiçoam e fazendo o bem aos que nos perseguem”.

Sabemos que hospitais, como temos hoje, não havia na civilização grega e romana; a Igreja Católica foi pioneira em criá-los com médicos, enfermeiros, remédios, e demais procedimentos. No século IV a Igreja começou a mantê-los nas cidades menores, atendendo viajantes e doentes, viúvos, órfãos e pobres. [Schmidt, 2001]

Uma mulher chamada FABÍOLA, por caridade cristã, CRIOU O PRIMEIRO HOSPITAL PÚBLICO em Roma. S. Basílio Magno (330-369) fundou um hospital em Cesareia, na Terra Santa, no século IV, especialmente para os leprosos. Os mosteiros também prestaram muitos atendimentos aos doentes.

Guenter Risse, em “A History of Hospitals”, citado por Thomas Woods, mostra que quando caiu o império romano do ocidente (476), os mosteiros assumiram cada vez mais os cuidados dos doentes como nunca foi feito na Europa por vários séculos. Esses mosteiros se tornaram verdadeiras escolas de medicina entre os séculos V e X; falava-se do período da “medicina monástica”. Durante o reavivamento dos anos 800 com Carlos Magno, os mosteiros se destacaram como os principais centros de estudo e transmissão dos textos antigos de medicina.

Os mosteiros eram “o patrimônio dos pobres”; o que sempre foi desde o séc. IV. Em cada lugar onde surgia um mosteiro, nos vales e montanhas, formavam-se centros de vida religiosa organizada com escolas, modelos para a agricultura, indústria, piscicultura, reflorestamento, proteção aos viajantes, alívio para os pobres, órfãos, cuidado dos doentes, e atividade cultural como já vimos.

Durante os períodos mais escuros da Idade Média, os monges deram refúgio aos peregrinos aliviando os horrores da neve nos Alpes. Os beneditinos Premonstratenses, bem como as Ordens mendicantes de S. Domingos de Gusmão e de S. Francisco de Assis se destacaram na caridade.

SÃO BENTO pregava que “cada visitante devia ser recebido no mosteiro como se fosse o próprio Cristo”. Mas os monges não apenas esperavam os pobres virem a eles, iam atrás dos pobres e doentes para socorrê-los.

OS CAVALEIROS DE SÃO JOÃO (Hospitaleiros), que deixaram na Europa a sua marca na história dos hospitais, desde 1080, ajudaram os pobre e os peregrinos que iam à Terra Santa.

OS “HOSPITAIS DE SÃO JOÃO” impressionavam pelo profissionalismo, onde se realizavam até pequenas cirurgias e os doentes recebiam visitas duas vezes ao dia dos médicos, banhos e duas refeições principais, além de roupas limpas e brancas. Esses hospitais foram modelos para a Europa.

JULIANO, O APÓSTATA, inimigo do cristianismo, que tentou restabelecer o paganismo no império, por volta de 360, elogiava a caridade dos cristãos e reconheceu que enquanto os sacerdotes pagãos abandonavam os pobres, os “odiados galileus” os tratam com caridade, com as mesas preparadas para os indigentes, algo que era comum entre eles.

MARTINHO LUTERO: “Sob o Papa o povo era ao menos caridoso, e que não era preciso a força para conquistar as almas, e que agora, no “reino do Evangelho” (Protestantismo) ao invés de dar, eles roubam um ao outro” [Baluffi, 1885].

FREDERICK HUITER, um biógrafo do Papa Inocêncio III, declarou:

“Todas as instituições beneficentes que a humanidade possui nesses dias para ajudar os pobres, todos os que têm sido feito para a proteção dos indigentes e aflitos… e todos os tipos de sofrimentos, vem direta ou indiretamente da Igreja de Roma” [idem].

No séc. XVI, quando HENRIQUE VIII tornou-se inimigo da Igreja e suprimiu os mosteiros da Inglaterra, e confiscou as suas propriedades, a consequência social negativa foi enorme. Houve uma rebelião popular em 1536 conhecida como “Peregrinação da Graça”, que teve muito a ver com a ira do povo com o desaparecimento da caridade dos mosteiros.

A dissolução dos mosteiros ingleses e a redistribuição de suas terras – garante PHILIP HUGHES (1957) – “significou a ruína de milhares de pobres camponeses, a destruição de pequenas comunidades que os sustentavam”.

Milhares de desempregados das fazendas foram colocados nas ruas; a pobreza cresceu assustadoramente.

THOMAS CROMWELL, que tinha ódio dos monges, liquidou os mosteiros. Em fevereiro de 1536, o Parlamento inglês dissolveu os mosteiros menores sob pretexto falso de imoralidade. No primeiro ano foram fechados 327 conventos que passaram a render 32.000 libras esterlinas anuais à coroa inglesa. [DR, vol. IV, pg 452-4].

O que aconteceu com os mosteiros da Inglaterra de Henrique VIII, no séc. XVI, aconteceu também na França com a Resolução Francesa de 1789, quando os revolucionários inimigos da fé católica e da Igreja confiscaram as suas propriedades, secou a fonte da caridade. Na época o arcebispo de Aix em Provença alertou que tal roubo era uma ameaça à educação e à provisão do povo. Em 1847 a França tinha 47% hospitais a menos do que no ano do confisco e em 1799 os 50.000 estudantes das universidades se reduziram a 12000 [Davies, 1997].

A partir do séc. XI começaram a surgir as ORDENS DEDICADAS À CARIDADE. A Ordem hospitalar mais antiga foi a dos “Antoninos”; nasceu em Vienne, em 1095, na paróquia onde estavam as relíquias de Santo Antão. Foi a Ordem dos “Irmãos Hospitalares de S. Antão”. Em 1178 foi fundada por Guy de Montpelier a “Ordem do Espírito Santo”, hospital para crianças abandonadas; no final do séc. XIII tinha cerca de 800 casas. Em 1150 surgiu em Bolonha os “Crucifeu”, e na Boêmia os “Stelliferi” em 1160. Em 1099 surgiu a “Ordem de S. Lázaro”, para cuidar dos leprosos do Oriente.

Foram trazidos também para a França por Luiz VII e cresceram muito na Europa e na Ásia, onde chegaram a ter 3000 leprosários. Inocêncio IV (1243-1254) a transformou em “Cavaleiros de São Lázaro” que existem até hoje.

S. LUIZ DE FRANÇA, SANTA ISABEL DA HUNGRIA E SANTA EDWIGES se destacaram nessa caridade. Só na França em 1225, o rei Luiz VIII comprovou a existência de mais de dois mil leprosários. S. Roque (1293-1327), patrono dos leprosos, consagrou toda a sua vida ao cuidado deles, tendo morrido leproso.

INOCÊNCIO III numa bula de 1198 prometeu remissão total dos pecados aos homens piedosos que desposassem essas mulheres pecadoras reconduzindo-as ao bom caminho. Pedro o Eremita fundou uma Congregação para salvá-las; e surgiram outras com a mesma finalidade. A mais célebre foi a Ordem das “Irmãs penitentes de Santa Madalena”, as ”madalenetas”.

Também os viajantes e peregrinos eram protegidos pela caridade cristã. Na Itália, os Hospitalários d’Altapaseio guiavam os viajantes nos pântanos perigosos de Lucca; na Espanha, os Cavaleiros de Santiago protegiam os peregrinos de Compostela; na Palestina, essa era uma das funções dos Templários.

“ORDENS REDENTORAS”, na Ásia e na África; esses heróis que partiam para os países muçulmanos e se ofereciam para substituir os fiéis cativos e escravos correndo risco de morte. São as Ordens fundadas em 1198 por São João da Mata (os Trinitários); em 1223 pelo francês São Pedro Nolasco (os Mercedários – Nossa Senhora dos Mercês – e por S. Raimundo de Peñafort, espanhol. Desde a sua fundação até a revolução Francesa (1789), estas duas Ordens libertaram mais de seiscentos mil cativos, entre os quais Cervantes, o mestre espanhol.

A CARIDADE DA IGREJA HOJE

No Brasil, até 1950, quando não existia nenhuma política de saúde pública eram as casas de caridade da Igreja que cuidavam das pessoas que não tinham condições de pagar um hospital.

CARITAS JERUSALÉM SUSTENTA 10 MIL FAMÍLIAS NA FRANJA DE GAZA

“Desde janeiro deste ano, Caritas Jerusalém ajuda a 10 mil famílias na Franja de Gaza, proporcionando-lhes alimento, água, alojamento e remédios. Para estes trabalhos conseguiram reunir 1.4 milhões de euros. Entre outros trabalhos, Caritas Jerusalém também ajuda aos feridos em sua reabilitação com próteses e cadeiras ortopédicas, colaborando de maneira concreta com mais de mil pessoas mutiladas por causa da guerra” (ROMA, 16 Dez. 09/ACI).

PRESENÇA NO MUNDO

A Igreja Católica mantém na Ásia: 1.076 hospitais; 3.400 dispensários; 330 leprosários; 1.685 asilos; 3.900 orfanatos; 2.960 jardins de infância.

Na África: 964 hospitais; 5.000 dispensários; 260 leprosários; 650 asilos; 800 orfanatos; 2.000 jardins de infância. Se a Igreja Católica saísse da África 60% das escolas e hospitais seriam fechados.

Na América: 1.900 hospitais; 5.400 dispensários; 50 leprosários; 3.700 asilos; 2.500 orfanatos; 4.200 jardins de infância.

Na Oceania: 170 hospitais; 180 dispensários; 1 leprosário; 360 asilos; 60 orfanatos; 90 jardins de infância.

Na Europa: 1.230 hospitais; 2.450 dispensários; 4 Leprosários; 7.970 asilos; 2.370 jardins de infância.

DADOS DO “ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA IGREJA”

A Igreja Católica administra 115.352 Institutos sanitários, de assistência e beneficência em todo o mundo.

Segundo revelam os dados do último “Anuário Estatístico da Igreja”, publicado pela Agência Fides a Igreja administra 115.352 Institutos sanitários, de assistência e beneficência em todo o mundo.

Deste número, 5.167 hospitais (a maior parte na América, 1.493 e 1.298 na África); 17.322 dispensários a maioria na África, 5.256, América 5.137 e Ásia 3.760; 648 leprosários distribuídos principalmente na Ásia (322) e África (229); 15.699 casas para idosos, doentes crônicos e deficientes – Europa (8.200) e América (3.815); 10.124 orfanatrófios, principalmente na Ásia (3.980) e América (2.418); 11.596 jardins da infância, a maior parte na América (3.661) e Ásia (3.441); 14.744 consultores matrimoniais, distribuídos no continente americano (5.636) e Europa (6.173); 3.663 centros de educação e reeducação social, além de 36.386 instituições de outros tipos.

Será que existe qualquer empresa ou instituição que faz pelo menos isso?

Prof. Felipe Aquino

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